sábado, 2 de abril de 2011

A História.

A Boca do Rio é um bairro popular de Salvador, a comunidade tem uma feirinha, um competente e forte comércio popular e praças onde os moradores se reúnem. Com uma área de 760 mil metros quadrados acolhe uma comunidade de mais de 150 mil pessoas.
Começando no Centro de Convenções, o bairro tem como limites Pituaçu ao leste e o Imbuí ao norte. Este último, antigamente, também era chamado de Boca do Rio, assim como o local hoje conhecido como Conjunto Guilherme Marback. A região, hoje conhecida por Boca do rio, pertencia à freguesia de Nossa Senhora de Brotas, que ia do engenho da Bolandeira até a fronteira com a freguesia de Itapuã.


A história da propriedade das terras da Boca do Rio remonta o período imediatamente depois da fundação da cidade por Tomé de Souza. Segundo o Historiador Cid Teixeira, a Boca do Rio teve três grandes proprietários no início de sua história; o D. Antônio Ataíde, Conde de Castanheira e primo de Tomé de Souza; os Monges Beneditinos e o Povoador García D’Ávila. Estas três sesmarias foram doadas pelo Governador Tomé de Souza.


Os Beneditinos e o Povoador Garcia D’Ávila logo trocaram estas terras, mas o Conde da Castanheira permaneceu com elas e as foi deixando para herdeiros em várias gerações. No século XIX, entretanto, um acordo mudaria os rumos do título das terras da Boca do Rio, O Governador Manuel da Cunha Menezes, enviado de Portugal, se casou com a Condessa de Lumiares, herdeira legítima das terras do Conde de Castanheiras, o filho do casal, Manuel Inácio da Cunha Menezes, agora Conde do Rio Vermelho se tornou o dono das terras da Boca do Rio. Ele morava numa casa onde hoje fica o antigo Aeroclube, e explorava ali com ajuda de escravos a pesca do Xareu e de Baleia.
Ele montou uma oficina de beneficiamento do óleo de Baleia onde antes se vendiam escravos, na Casa de Pedra. Após muitos anos a Companhia do Queimado comprou as terras das mãos de Manuel Inácio da Cunha Menezes.


A atividade pesqueira iniciou o povoamento da comunidade, a pesca do Xaréu e do Bagre na boca do Rio das Pedras e a saída e chegada das tradicionais jangadas pela boca desse rio foi o ponto inicial de colonização desta comunidade. Lindas estórias são contadas por pescadores da Colônia de Pesca da Boca do Rio.


Os nomes dos sub-bairros desta comunidade revelam um pouco desta história, o Curralinho, por exemplo, revela a origem do local usado como curral de uma grande fazenda, a Baixa do Cajueiro remete á estas árvores que abundavam neste pedaço de restinga, a Baixa Fria remete a um sub-bairro nascido de um brejo ou charco que ali existia.



Nesta época os negros, seguindo seus instintos ancestrais, saiam do Quilombo do Cabula e de diversos outros lugares da cidade em busca da fartura de Xaréus e Bagres na desembocadura do Rio das Pedras. Esta praia foi batizada de Aratubáia e é banhada pelas águas quentes do Atlântico. Ali fixavam moradia e dedicavam-se a pesca e a fabricação de vassouras artesanais feitas de piaçava, uma palmeira nativa da restinga da região. Estes são os ancestrais de boa parte dos moradores e pescadores da comunidade.
O nascimento do bairro foi em 1950, mas em 1960 se deu a grande reviravolta com a chegada dos moradores das ocupações “Bico de Ferro” na Pituba, onde hoje é o Jardim dos Namorados, e por moradores de outra invasão em Ondina, que foram expulsos de seus bairros de origem pelo então Prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães.

 Algumas pessoas começaram a construir casas ao redor do antigo aeroclube e assim a comunidade foi crescendo. Quando as mais de 200 famílias de Ondina chegaram a Boca do Rio, não havia água ou luz elétrica, as pessoas pegavam água de um reservatório da Embasa, e o lugar ocupado por eles na Boca do Rio é até hoje conhecido como Alto de Ondina. O Sistema de Transporte da região também era muito precário, a primeira empresa a circular na Boca do Rio foi a ITT, e logo depois chegou a BTU. Hoje, devido ao plano da engenharia de trafego da prefeitura a região é bem regada de transporte público.
Outro fator que contribuiu para o povoamento da Boca do rio foram pessoas que queriam montar suas casas de veraneio em um lugar cercado por dunas descobriram este lugar paradisíaco. Até a década de 60, havia no lugar uma grande lagoa (hoje aterrada) e também um manguezal, que era margeado por sua vegetação típica.

Em 1979 a Boca do rio ganha mais um presente, o Centro de Convenções da Bahia, um prédio público de arquitetura moderna e com capacidade de acolher 4,6 mil congressistas, destinado às feiras e exposições de negócios, além de congressos nacionais e internacionais, sendo um dos maiores Centro de Convenções do País, situado na Av. Simón Bolívar. A primeira rua a ser asfaltada na Boca do Rio foi a Rua da Moenda, o resto da comunidade só recebeu urbanização a partir da gestão de Mário Kertész que foi prefeito de Salvador de 1979 á 1981.


Pontuado por uma série de empreendimentos famosos em todo o Brasil, além da Sede de praia do Esporte Clube Bahia, há também alguns dos melhores restaurantes de Salvador como o Restaurante Yemanjá, Bargaço, Churrascaria Boi Preto, Tchê Picanha, Frango do Moura, A Porteira, O Picuí, o Corsário Praia Hotel, o Hotel Praia dos Artistas e muitos outros. Também temos quatro faculdades no bairro, como a FAMA, Faculdade Montessoriano de Salvador, oriunda da pioneira escola Montessoriano que ali existe ha dez anos.

A Boca do rio é também escolhida para a prática de diversos esportes, como por exemplo o triátlon, o ciclismo e o cooper; possuindo um percurso predominantemente plano, na orla marítima, partindo da altura do estacionamento do Aeroclube (próximo ao posto BR e ao Clube Bahia), seguindo pelo calçadão até a passarela do Parque Costa Azul. Boa condição de pista, excelente visual e ótima qualidade de ar.


É na Boca do Rio também que se encontra a praia do Corsário onde os surfistas encontram belas ondas para pratica do surf. Algumas praias de Salvador guardam histórias que nem sempre são conhecidas pelos seus moradores. A praia de Armação, por exemplo, uma enseada antes conhecida como praia do Chega Nego era um dos maiores pontos de chegada de negros trazidos da África, servindo para o desembarque clandestino de escravos durante o período em que o tráfico oficial foi proibido. Os escravos eram depositados numa senzala construída á beira da praia até serem comercializados. Este lugar era conhecido como casa de pedra na Avenida Otavio Mangabeira.

Os biomas de restinga e mata atlântica garantem uma notória e observada biodiversidade à região. É comum aos moradores da Boca do Rio acompanhar a desova de tartarugas marinhas e a rota migratória das baleias Jubarte na Praia dos Artistas, ou até mesmo a reprodução de uma infinidade de aves silvestres nativas do local.

36 comentários:

  1. Super interessante e adorei a história, espero que o apoio seja grande, precisamos transformar a cidade, boa iniciativa bardo

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  2. História, identificação das necessidades e demandas reconhecimento, gratidão, consciência da luta. Um blog feito esse nos faz acreditar em política.

    A ciência da polis (cidade no grego “politikos”) e não apenas a arte de evitar a guerra.

    Mande ver companheiro.

    Contamos com você.
    Paz e Amor

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  3. Pois é, o Boca do Rio Cultural é uma iniciativa linda e pioneira em Salvador, como ato político de amor, solidariedade e respeito à memória e às peculiaridades de um Bairro/comunidade que muito já ofereceu à cidade de Salvador e que agora como ela precisa vislumbrar as condições para deixar de ser sofrimento e estatística.

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  4. Uma boa iniciativa, eu acho a Boca do Rio um dos bairros historicamente mais importantes de Salvador.
    Avante, Boca do Rio!

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  5. Excelente iniciativa apesar de ir pouco a Salvador acho otimo atitudes como essa que fazem agente conhecer um pouco da história de cada bairro essencial ao turista que visita Salvador ter esses conhecimentos históricos do local em que visita bem como as questões ambientais que cercam o bairro o autor do blog está de parabéns!continue assim informando aqueles que desejam ir a Salvador e conhecer suas belezas naturais e históricas.

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  6. Parabéns pela iniciativa de criar um blog como esse. A Boca do Rio é um dos bairros mais representativos de Salvador e a sua história é parte da história da cidade.
    É importante contar essa história, aprender com ela e a partir disso criar ambiente saudável, de respeito, e principalmente, da prática da política da boa vizinhança e da conduta honesta e ordeira por parte dos seus moradores.

    Parabéns aos amigos idealizadores dessa iniciativa, que deve ser seguida por todos os outros bairros da cidade como exemplo da busca de uma cidadania mais plena e verdadeira!!!

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  7. Ótima ideia essa de escrever sobre o bairro e acredito que seria de grande importancia para a população que outras pessoas fizessem o mesmo com os demais bairros... Parabéns!!

    Corisco.

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  8. Já diz o sábio adágio que "um povo sem memória é um povo sem futuro". Resgatar as raízes de uma região, quase sempre dissolvidas no turbilhão caótico da vida cotidiana, é enaltecer sobretudo a identidade do seu povo, na melhor e mais fiel acepção pro termo "Cultura", agregando valor humano.

    Um grande salve com votos de sucesso a esse blog promissor. Salve, Luar.

    Abçs!

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  9. gosto muito de morar nesse bairro...e ele tem história!

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  10. dois loucos no bairro - Leminski

    um passa os dias
    chutando postes para ver se acendem

    o outro as noites
    apagando palavras
    contra um papel branco

    todo bairro tem um louco
    que o bairro trata bem
    só falta mais um pouco
    pra eu ser tratado também.

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  11. Só discordo das fronteiras.Explico: Quando há um assassinato no Bate-facho - que está atrás do Imbuí, noticia-se que foi na Boca do RIo, se é lançamento imobiliario é Imbuí. Se a policia invade a Baixa Fria, é Boca do Rio, Mas o CCB está em Armação. Se há brigas de gangues em Pituaçú é Boca do Rio, mas se é um evento no Parque Metropolitano é Pituaçú. Segue a logica: Originalmente as fronteiras da Boca do Rio, ao Norte, Piatã; Ao Sul Stiep/Costa Azul, a Leste o Oceano e a Oeste a Paralela (antes Pernambués).

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  12. Parabéns pelo blog e pela indicação no TopBlog 2011!!
    Sucesso!!
    visite, comente e siga http://penseoamanha.blogspot.com/

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  13. amei a iniciativa do blog e gostaria de saber outras reportegens a cerca do bairro boca do rio se vcs tiverem mais material ficaria grata em poder partilhar.

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  14. Bom dia.
    Estou fazendo um trabalho de conclusão de curso e gostaria de usar seu conteúdo no meu trabalho.
    Poderia me informar a fonte completa de onde foi tirar essa pesquisa?

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  15. Bom dia.
    Estou fazendo um trabalho de conclusão de curso e gostaria de usar seu conteúdo no meu trabalho.
    Poderia me informar a fonte completa de onde foi tirar essa pesquisa?

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  16. Amei a iniciativa!! Moro aqui a 37 anos e não sabia DS historia!!!

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  17. BOM DIA A TODAS E TODOS, SOU ALBERTO LIMA FOTOGRAFO, PRECISO DE INFORMAÇÕES SOBRE UM MECÂNICO DE AVIÕES DO ANTIGO AEROCLUBE DA BOCA DO RIO SR. MANOEL APELIDADO POR BUZIGA AGRADEÇO ANTECIPADAMENTE 71 987114256

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  18. 👏👏👏👏👏👏👏👏 perfeito!!!

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  19. Bom dia! Tem algo sobre a historia de Pituacu? Meu TCC aborda um pouco a historia do bairro e nao sei onde encontrar. Desde ja, Obrigado

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  20. Sem palavras, é como montar um quebra cabeça sem um conhecimento prévio e ao final, ficar maravilhado com a sua obra!!!!

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  21. Moro a 15 anos na boca do Rio e nunca vi desova de tartaruga. Acho um pouco de fantasia quem elaborou essa história.

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  22. Parabéns meu bairro linda história

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  23. A Boca do Rio surgiu em 1950 mais eu nasci 1959 aminha irmão 1945 aqui na Boca do Rio mi nua mãe meu pai foram criados aqui na Boca do Rio pertinhodasda barraca do pescador tomando banho no Araguaia perto do tão falado manguezal.Então o nascimento da Boca do Rio não foi em 1950 é muitos anos bem antes e o primeiro fim de linha de transporte coletivo foi na rua da Bolandeira atual Eugênio Sales em frente a embasa e nessa rua tinha um também Rio que tomávamos banho hoje é um condominial a onde hoje é hotel corsário foi também restaurante Chica da Silva o antigo Restaurante Agda foi enfrente a minha casa início da rua Orlando Moscoso etc.

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    1. Olá. Meu nome é Marcelo e sou o fundador do jornal Boca do Rio Magazine. Gostaria de conhecer e contar um pouco da história dos moradores mais antigos daqui do bairro. Poderíamos conversar um pouco? Meu Whatsapp é 71.9.9277.9279. Muito obrigado

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  24. Cheguei com meus pais na Boca do rio em setembro 1965 e em dezembro fiz meus 19 anos. Boa parte do que contou o professor e historiador, eu testemunhei. Hj em dez farei 74 anos e ainda resido aquí.Ví o bairro crescer e se desenvolver.Trabalhei no hospital espanhol onde fiz o curso dr atendente de enfermagem, mas continuei tedidindo na boca do rio, casei, meus tres filhos nasceram, estudaram e se formaram.Sou grata a meu bairro.Tenho muito que contar,daria um livro de muitas páginas.Vamos ficando por aqui. Agradeço a Bahia por nos recebermos."Doce Bahia".bjo

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    1. Olá. Meu nome é Marcelo e sou o fundador do jornal Boca do Rio Magazine. Gostaria de conhecer e contar um pouco da história dos moradores mais antigos daqui do bairro. Poderíamos conversar um pouco? Meu Whatsapp é 71.9.9277.9279. Muito obrigado

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  25. Parabéns pela pesquisa e pelo belíssimo texto

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  26. Parabéns pela pesquisa e pelo belíssimo texto

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  27. Parabéns pela pesquisa e pelo belíssimo texto

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  28. Parabéns pelo conteúdo. Meu nome é Marcelo e sou o fundador do jornal Boca do Rio Magazine. Nosso portal de comunicação existe há 4 anos e sempre vem seguidores citando esse blog como referência para diversos assuntos. A gente constaria de conhecer o fundador, seria possível? Meu Whatsapp é 71.9.9277.9279 ou, nos encontre nas redes sociais (Facebook e Instagram - @bocadoriomagazine). Muito obrigado!

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  29. Parabéns gostei muito das postagens

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  30. Lindo é saber da história de uma comunidade que historicamente contada, veio por meio de humilhação, e hoje. Se encontra exaltada como está. Amo morar na boca do rio! Sabemos que tende a melhorar; principalmente no "aspecto intelectual pedagógico"....E, segurança como em toda salvador. Deus abeçoe esse bairro.

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