sexta-feira, 6 de julho de 2012

Bem Vind@s!
Esta é a virtual Casa da Memória da Boca do Rio; o website com material mais vasto sobre a comunidade que nasce da pesca do xaréu dos ancestrais negros da Aratubaia; Assiste o nascimento da Tropicália, Resiste a Ditadura e acolhe os núcleos do Samba-Reggae e do RaggaMuffín e DanceHall.
A Associação Boca do Rio Cultural tem por missão pesquisar, catalogar e divulgar a história da Boca do Rio, enfatizando a riqueza e a diversidade dos trabalhos de cunho artístico cultural, valorizando nossa cultura popular.

 
Bien Venid@s!
Esta es la casa virtual de la memoria  de la Comunidad de  Boca do Río, el material de esto sitio web és la más completa pesquisa sobre esta comunidad que proviene de la pesca de Xaréu  de la ascendencia negra de Aratubaia, asistiendo al nacimiento de Tropicalia, resistiendo a  la dictadura y asistiendo al nacimiento de los núcleos de la Samba-Reggae y el Raggamuffin y el dancehall de Jamaica en Bahia.  La misión de la Asociación Boca do Rio Cultural es investigar, catalogar y difundir la historia de Boca do Rio, haciendo hincapié en la riqueza y diversidad de artículos sobre cultura artística, la valoración de nuestra cultura popular.

sábado, 2 de abril de 2011

A História.

A Boca do Rio é um bairro popular de Salvador, a comunidade tem uma feirinha, um competente e forte comércio popular e praças onde os moradores se reúnem. Com uma área de 760 mil metros quadrados acolhe uma comunidade de mais de 150 mil pessoas.
Começando no Centro de Convenções, o bairro tem como limites Pituaçu ao leste e o Imbuí ao norte. Este último, antigamente, também era chamado de Boca do Rio, assim como o local hoje conhecido como Conjunto Guilherme Marback. A região, hoje conhecida por Boca do rio, pertencia à freguesia de Nossa Senhora de Brotas, que ia do engenho da Bolandeira até a fronteira com a freguesia de Itapuã.


A história da propriedade das terras da Boca do Rio remonta o período imediatamente depois da fundação da cidade por Tomé de Souza. Segundo o Historiador Cid Teixeira, a Boca do Rio teve três grandes proprietários no início de sua história; o D. Antônio Ataíde, Conde de Castanheira e primo de Tomé de Souza; os Monges Beneditinos e o Povoador García D’Ávila. Estas três sesmarias foram doadas pelo Governador Tomé de Souza.


Os Beneditinos e o Povoador Garcia D’Ávila logo trocaram estas terras, mas o Conde da Castanheira permaneceu com elas e as foi deixando para herdeiros em várias gerações. No século XIX, entretanto, um acordo mudaria os rumos do título das terras da Boca do Rio, O Governador Manuel da Cunha Menezes, enviado de Portugal, se casou com a Condessa de Lumiares, herdeira legítima das terras do Conde de Castanheiras, o filho do casal, Manuel Inácio da Cunha Menezes, agora Conde do Rio Vermelho se tornou o dono das terras da Boca do Rio. Ele morava numa casa onde hoje fica o antigo Aeroclube, e explorava ali com ajuda de escravos a pesca do Xareu e de Baleia.
Ele montou uma oficina de beneficiamento do óleo de Baleia onde antes se vendiam escravos, na Casa de Pedra. Após muitos anos a Companhia do Queimado comprou as terras das mãos de Manuel Inácio da Cunha Menezes.


A atividade pesqueira iniciou o povoamento da comunidade, a pesca do Xaréu e do Bagre na boca do Rio das Pedras e a saída e chegada das tradicionais jangadas pela boca desse rio foi o ponto inicial de colonização desta comunidade. Lindas estórias são contadas por pescadores da Colônia de Pesca da Boca do Rio.


Os nomes dos sub-bairros desta comunidade revelam um pouco desta história, o Curralinho, por exemplo, revela a origem do local usado como curral de uma grande fazenda, a Baixa do Cajueiro remete á estas árvores que abundavam neste pedaço de restinga, a Baixa Fria remete a um sub-bairro nascido de um brejo ou charco que ali existia.



Nesta época os negros, seguindo seus instintos ancestrais, saiam do Quilombo do Cabula e de diversos outros lugares da cidade em busca da fartura de Xaréus e Bagres na desembocadura do Rio das Pedras. Esta praia foi batizada de Aratubáia e é banhada pelas águas quentes do Atlântico. Ali fixavam moradia e dedicavam-se a pesca e a fabricação de vassouras artesanais feitas de piaçava, uma palmeira nativa da restinga da região. Estes são os ancestrais de boa parte dos moradores e pescadores da comunidade.
O nascimento do bairro foi em 1950, mas em 1960 se deu a grande reviravolta com a chegada dos moradores das ocupações “Bico de Ferro” na Pituba, onde hoje é o Jardim dos Namorados, e por moradores de outra invasão em Ondina, que foram expulsos de seus bairros de origem pelo então Prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães.

 Algumas pessoas começaram a construir casas ao redor do antigo aeroclube e assim a comunidade foi crescendo. Quando as mais de 200 famílias de Ondina chegaram a Boca do Rio, não havia água ou luz elétrica, as pessoas pegavam água de um reservatório da Embasa, e o lugar ocupado por eles na Boca do Rio é até hoje conhecido como Alto de Ondina. O Sistema de Transporte da região também era muito precário, a primeira empresa a circular na Boca do Rio foi a ITT, e logo depois chegou a BTU. Hoje, devido ao plano da engenharia de trafego da prefeitura a região é bem regada de transporte público.
Outro fator que contribuiu para o povoamento da Boca do rio foram pessoas que queriam montar suas casas de veraneio em um lugar cercado por dunas descobriram este lugar paradisíaco. Até a década de 60, havia no lugar uma grande lagoa (hoje aterrada) e também um manguezal, que era margeado por sua vegetação típica.

Em 1979 a Boca do rio ganha mais um presente, o Centro de Convenções da Bahia, um prédio público de arquitetura moderna e com capacidade de acolher 4,6 mil congressistas, destinado às feiras e exposições de negócios, além de congressos nacionais e internacionais, sendo um dos maiores Centro de Convenções do País, situado na Av. Simón Bolívar. A primeira rua a ser asfaltada na Boca do Rio foi a Rua da Moenda, o resto da comunidade só recebeu urbanização a partir da gestão de Mário Kertész que foi prefeito de Salvador de 1979 á 1981.


Pontuado por uma série de empreendimentos famosos em todo o Brasil, além da Sede de praia do Esporte Clube Bahia, há também alguns dos melhores restaurantes de Salvador como o Restaurante Yemanjá, Bargaço, Churrascaria Boi Preto, Tchê Picanha, Frango do Moura, A Porteira, O Picuí, o Corsário Praia Hotel, o Hotel Praia dos Artistas e muitos outros. Também temos quatro faculdades no bairro, como a FAMA, Faculdade Montessoriano de Salvador, oriunda da pioneira escola Montessoriano que ali existe ha dez anos.

A Boca do rio é também escolhida para a prática de diversos esportes, como por exemplo o triátlon, o ciclismo e o cooper; possuindo um percurso predominantemente plano, na orla marítima, partindo da altura do estacionamento do Aeroclube (próximo ao posto BR e ao Clube Bahia), seguindo pelo calçadão até a passarela do Parque Costa Azul. Boa condição de pista, excelente visual e ótima qualidade de ar.


É na Boca do Rio também que se encontra a praia do Corsário onde os surfistas encontram belas ondas para pratica do surf. Algumas praias de Salvador guardam histórias que nem sempre são conhecidas pelos seus moradores. A praia de Armação, por exemplo, uma enseada antes conhecida como praia do Chega Nego era um dos maiores pontos de chegada de negros trazidos da África, servindo para o desembarque clandestino de escravos durante o período em que o tráfico oficial foi proibido. Os escravos eram depositados numa senzala construída á beira da praia até serem comercializados. Este lugar era conhecido como casa de pedra na Avenida Otavio Mangabeira.

Os biomas de restinga e mata atlântica garantem uma notória e observada biodiversidade à região. É comum aos moradores da Boca do Rio acompanhar a desova de tartarugas marinhas e a rota migratória das baleias Jubarte na Praia dos Artistas, ou até mesmo a reprodução de uma infinidade de aves silvestres nativas do local.

Política

 Aqui a Política tem tônica forte, alem de ter abrigado reuniões da resistencia de esqueda contra a ditadura militar, bem como inumeros “aparelhos” de entidades estudantis, a Boca do Rio ainda é uma comunidade extremamente envolvida e participativa; não é atoa que o Projeto de Delimitação dos Bairros de Salvador iniciou suas atividades na Administração Regional IX, a qual abrange os Bairros da Boca do Rio e Patamares. O evento ocorreu no dia 13 de março de 2008, no Instituto Municipal de Educação Prof. José Arapiraca (IMEJA/Boca do Rio) e reuniu representantes das Associações de Bairro, ONGs, Lideranças Comunitárias e Entidades Civis.


Esta comunidade sempre foi pioneira nas discussões políticas que envolvem seu povo. Assim como o fracassado PDDU (Plano diretor de desenvolvimento urbano), quando o poder público convocou a comunidade para debater, e eis que como sempre, a Boca do Rio compareceu em massa e foi a primeira a terminar as discussões, além de ser a comunidade com mais contribuições ao PDDU.

O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro havia dividido os bairros por Administrações Regionais, a idéia era boa, participação popular, pena que em uma cidade de pequenos califas isto não daria certo.

A parte boa desta história foi que a Administradora Regional da nossa comunidade da Boca do Rio e adjacências foi muito bem escolhida, Tânia Penna tinha uma visão muito boa das coisas além de um tino para ouvir a comunidade e trabalhar junto com a população. A administração de Tânia Penna foi marcada por uma reviravolta na comunidade da Boca do Rio. 

A Boca do Rio deu um Show de cidadania sendo a comunidade que primeiro terminou as discussões e também a comunidade que mais apresentou votos contrários e modificações nos projetos. Mas aí veio a bomba mãe que mudaria os rumos de nossa comunidade, nos foi apresentado o projeto de um novo Emissário Submarino, que juntaria o esgoto não tratado da cidade de Lauro de Freitas e Região Metropolitana de Salvador e o despejaria sem o mínimo tratamento no oceano, a estação de condicionamento prévio seria numa área de Mata Atlântica do Parque de Pituaçu, que seria destruída para a construção do “Pinicão” como ficou conhecido; e pior, as tubulações passariam pelo meio da Praia dos Artistas, praia histórica da Boca do Rio.

Logo a Boca do Rio se Insurgiu sob organização de Tânia Penna, César Menezes, Nabor, Isabela Caldas, Iara Villanueva, Agnaldo Neiva, Luar do Conselheiro, o Prof. Gil entre tantos outros companheiros e  Passeatas foram sendo organizadas, Audiências Públicas, entrevistas na Imprensa. Neste momento a comunidade se juntou, e foram aparecendo mais demandas de luta como um muro criminoso que ergueram separando um condomínio de classe média de uma favela no Bate Facho, o “Muro da Vergonha” como foi chamado foi apenas uma das brigas comunitárias, logo as chuvas começaram e na Baixa Fria o caos tomou conta da Rua João Nunes da Mata. Uma encosta feita por uma construtora deslizou e levou muita lama para as casas. Quem tentava passar ontem pela rua não conseguia. Antes do incidente, a Prefeitura já tinha embargado a obra. E assim foi acontecendo, as lutas foram sendo travadas com toda a comunidade.


 A Boca do Rio é uma comunidade unida quando afetada, que já brigou muito por seus direitos e a todo o momento está pronta para brigar pelo justo, assim foi à luta para impedir a construção do Aeroclube; depois para impedir a construção do emissário submarino e depois a luta pela construção de um Parque para a comunidade numa área obsoleta pertencente ao Aeroclube Plaza Show, um shopping a céu aberto, além de inúmeras outras lutas.


O antigo Aeroclube Plaza Show, que está em reformas há mais de um ano e abrirá com o novo nome de Aeroclube Shopping & Office. O acordo feito entre a administração do Aeroclube e a prefeitura de Salvador, depois de muita pressão popular oriunda das inúmeras mobilizações das organizações da Comunidade num trabalho em conjunto; prevê a construção do Parque dos Ventos na localidade, num projeto contemplando a tradição de pipas e arraias nos céus da Boca do Rio, além de um anfiteatro para dar visibilidade ás inúmeras tradições culturais ali existentes. O projeto foi aprovado, porém as obras ainda não começaram.

Curiosidades

A Comunidade da Boca do Rio sempre esteve envolvida na cultura das artes circenses; depois ser palco de vários circos, como O Circo Portugal Internacional que se instalou na Avenida Otávio Mangabeira (orla) em Abril de 2010, bem ao lado do Aeroclube, anunciando atrações como malabaristas, equilibristas, palhaços, show de ilusionismo, globo da morte, números musicais e a apresentação das “águas dançantes”. Vários outros Circos escolheram a Boca do Rio para fincarem suas lonas.
Além do nosso próprio, a Escola Picolino de Artes do Circo que começou em 1985, com Caráter de circo social e até hoje desenvolve suas atividades.

A Escola Picolino de Artes do Circo completou 25 anos em 2010. Nestas duas décadas e meia de existência como escola de arte circense, associação não governamental de arte-educação, companhia circense, ou simplesmente como circo montado permanentemente em diversos pontos da cidade, a Picolino ganhou um significado e uma relevância cultural que ainda carecem de avaliação da sua dimensão e importância na história do circo no Brasil.

Ao completar 18 anos, a Picolino registrou sua trajetória de 1985 a 2003 em um almanaque, publicado em 2004. Em 128 páginas coloridas, alegres e divertidas, como um espetáculo circense, sistematizou suas histórias. Ao ler o almanaque é possível ter uma idéia da importância da Picolino para a vida de crianças e jovens da cidade de Salvador, é possível ver como o trabalho frutificou, transformou a vida de muitos, gerou arte e artistas.

 


Após esta consagração em artes circenses, a Boca do Rio recebeu, pela primeira vez, a Parada Disney. A vinda de mais um grande evento internacional reflete os trabalhos empreendidos pelo Governo da Bahia na atração de novos produtos para o turismo baiano, em segmentos diferenciados. Desta vez, foi a vez das crianças se divertirem ao ar livre e gratuitamente. Mickey, Minie, Pato Donald, A Pequena Sereia, Peter Pan, Cinderela, entre outros, desfilaram na orla da capital baiana, entre o Jardim de Alá e o Aeroclube, num percurso de 2,3 quilômetros de extensão. A diversão teve início com a entrega da chave da cidade ao Mickey Mouse e com o corte do laço da magia, realizado pelo governador Jaques Wagner e pela primeira-dama do Estado, Fátima Mendonça. Os personagens do mundo Walt Disney ganharam vida aos olhos do público baiano em seis carros alegóricos e sete veículos especiais. Além dos personagens, surpresas e efeitos especiais, como bolhas de sabão coloridas e borboletas de papel garantiram, ainda mais, o clima de fantasia.



Temos na Boca do Rio o Centro Gaúcho da Bahia, local destinado a Prendas e Peões, onde a indiada se reúne para degustar um bom churrasco e um bom chimarrão, um centro de tradição gaudéria que fincou a bandeira dos pampas em nossas paragens e nunca mais saiu daqui.



Se falar religião, a Boca do Rio é singular, uma comunidade que nasceu dos ritos afro-brasileiros e que já recebeu inúmeros acampamentos Ciganos; Hoje, as Igrejas evangélicas são dezenas, e de diversas linhas; Igrejas Católicas, como a Igreja de São Francisco de Assis, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, A Igreja de Santo Antônio; Terreiros de Candomblé; um Centro Budista; abrigou um centro de práticas indianas da tradição de Osho; um centro de Yoga no Kalachakra; templos messiânicos; Temos a Tradicional Ordem Martinista; a Ordem Rosacruz, Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa; entre diversos
centros religiosos.




Temos também na Boca do Rio uma homenágem artistica ao astro pop Michael Jackson; feita mesclando o estilo do Mosaico com o Alto Relevo, um dos maiores artistas da comunidade, o Rosival Tinguinha com pedaços de azulejo e espelhos construiu uma representação do astro em um muro em frente ao Conselho Tutelar. Esta obra de arte é vista com admiração e com curiosidade na comunidade.



Grupos de Capoeira sempre estiveram presentes em nossa comunidade, como a Sociedade Baiana de Capoeira Angola; Associação Cultural de Capoeira Guerreiros de Palmares; Grupo de Capoeira Aguibara; Grupo de Capoeira Filho da Regional da Bahia; Grupo Capoeira Brasil entre tantos outros.


È uma comunidade com tradição de boemia, o Bar de Roque, com suas iguarias em infusão; o Bar dos Coroas, com o tradicional dominó; o Bar do Santinho com seu formato peculiar de barco; O Bar do Pimentinha que só abria as segundas feiras; o bar do Pink e Cérebro, onde a moçada se reúne; o Bar do Camarote, do Joel, importante ponto de cultura e tradição; Tínhamos também o The Dark Side, um Bar e espaço de Show que revelou muitos músicos e poetas da Comunidade; o Bar de Dona Eleonor, na Pracinha da Boca do Rio, reduto do Mestre Sérgio Guerra e outros pensadores. Ou seja, a Boca do Rio é definitivamente uma comunidade Boêmia.



Temos também o Museu de Ciência e Tecnologia, na Avenida Jorge Amado, o museu tem diversos espaços para aprendizagem e pesquisa, além de um rico acervo cientifico e tecnológico. Na Praça da Descoberta estão expostas invenções históricas, como uma Locomotiva 418 e um avião AT-33. Na Sala Professor Sérgio Espiridião há o Gerador de Van Der Graff, a Mala Rebelde, a Bicicleta Geradora, entre outras engenhocas que produzem fenômenos incríveis.



E não poderiamos deixar de falar de uma situação inusitada que só mesmo a Boca do Rio poderia abrigar, a foto abaixo é um dos poucos registros de um encontro antagônico e insólito. Uma Casa de Shows Eróticos colada parede com parede a uma Igreja Protestante. Posando ao lado está o Aloísio Sky.



Tropicália.


Na década de 70 a Boca do Rio era reduto hippie, era visitada por muitos artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Novos Baianos, Zelito Miranda, Mário Cravo, Paulo Pedro Pepeu, Zizi Possi, José Agripino de Paula, Baby do Brasil, Luiz Melodia, Cardan Dantas, José Possi Neto, Zecrinha dentre outros. Hoje a praia é conhecida como Praia dos Artistas, o reduto da Tropicália.

                                                     
A Praia dos Artistas mantém a tradição de ser reduto de artistas, posto que a própria comunidade é um reduto de artistas. Suas dunas foram muito bem preservadas por pessoas como Aloísio Sky, personalidade da Praia desde os idos de 70, lá a barraca Yellow Sky (por conta da lona amarela que lhe cobria o teto) sempre foi o refúgio preferido dos Artistas e intelectuais. Aloísio juntamente com a Barraca Maria Sem Vergonha (nome de flor nativa das restingas baianas) é quem mantém o acervo histórico cultural deste reduto, é quem zela pela vegetação e pela fauna da restinga que resta, replantando e cuidando pessoalmente de cada muda.

Aloísio Sky

Aloísio Almeida, que mantém uma barraca no local há 34 anos, reconhece que o modismo de freqüentar o local passou, mas para ele, esse não é o principal problema. “A questão não é a barraca não estar mais tão freqüentada, mas sim a violência e a falta de preservação ambiental aqui na Boca do Rio”, diz. o barraqueiro nascido em Conceição de Almeida, no Recôncavo baiano, que lembra com saudosismo da época em que chegou ao bairro. No trabalho informal de jornalista para o Jornal da Bahia, foi até à praia para fotografar o corpo de um homem que havia se afogado, e desde então, se apaixonou pelo local. “Finquei uma bandeira em três de outubro de 73 e não saí mais”, diz ele.





O advento da chegada de José Agripino de Paula á Boca do Rio foi uma revolução, as idéias do artista eram muito bem assimiladas pelos hippies, punks, alternativos e tropicalistas deste reduto, José Agripino morou um bom tempo na Boca do Rio e deixou marcas eternas nesta comunidade; uma de suas filhas nasceu aqui, a pequena Manhã brincou muito nas areias da praia dos artistas.

José Agripino de Paula nasceu em 1937. Foi um artista multifacetado e guru tropicalista; Agripino teve sua produção focada nas artes visuais, cinema, literatura e, um pouco de música. A produção musical era bem artesanal. Produzia fitas cujas capas eram feitas por ele mesmo e, depois vendia para os amigos, assim bancava seus projetos. Entre esses seus trabalhos, uma fita/disco, gravada nas duas faces " Exu Encruzilhadas" datada de 1971 acaba de ser descoberta e foi gravada por José Agripino e elenco: sua esposa e bailarina Maria Ester Stockler, Rosária, Belonzzi, Lola, Pedro, Filipo, Cidinho, Guilherme, Roguetti, Jimi, Rozana, Laís, Marcelo, Érica, Zé Luiz, Elúzio, Zé Eduardo, Gonzaga, Caldas, Sony Akay, e por último ele cita a entidade, Exu.


Já entre seus filmes, o mais conhecido do público é “Hitler Terceiro Mundo" que tem no elenco Jô Soares, o 'Coisa' tem Agripino no papel título, e "O Céu Sobre Água", Candomblé no Togo. No teatro ele inventou um espetáculo “Rito do Amor Selvagem” uma grande bola que era pilotada por alguém no seu interior e que se joga para a platéia, e que o ator Stênio Garcia considera sua mais completa experiência cênica. Uma novela “Os Favorecidos de Madame Estereofônica" escrita em 173 cadernos universitários permanece inédita. Agripino viveu uma época conturbada porém criativa, os anos 60 e 70. Diagnosticado como um caso de esquizofrenia aguda, anos 70, passou a viver isolado no Embu, interior paulista. No ano de 2006, uma junta de psicanalistas foram até sua residência com um projeto médico-artístico e acabaram por produzir o documentário " Passeios no Recanto Silvestre" . Faleceu em 4 de julho de 2007, no Embu, de ataque cardíaco.



O Carro de Palha (Boca do Rio)
Estética Tropicalísta

Pioneirismo

     Esta comunidade ímpar tem uma característica peculiar, o pioneirismo. A posição vanguardista se dá principalmente no campo cultural e político; a escolha destas paragens para ser o reduto da Tropicália, e antes disso, do movimento Hippie, marcava o início de uma série de acontecimentos culturais que transformariam esta comunidade.

     O primeiro topless registrado na Bahia foi na Boca do rio, na Praia dos Artistas; Topless, é um termo originário do inglês, significa literalmente "sem a parte de cima", designando a situação na qual uma mulher fica com os seios à mostra e não está vestindo nada da cintura para cima. É bastante comum falar em topless quando uma mulher está na praia ou à beira de uma piscina, geralmente com o objetivo de fazer bronzeamento nas partes comumente cobertas pelo biquíni.



      Em praias da Europa, o topless é muito comum; porém, no Brasil, o hábito muitas vezes provoca estranhamento e rejeição, contrariando o clichê que apresenta o país como terra da liberdade sexual. Muitas culturas tradicionais não estigmatizam o topless entre as mulheres, sendo visto como uma prática normal. E assim foi na Boca do rio, o primeiro Topless foi realizado, juntamente com a prática do nudismo, sem muita bauburdia.

      Além de Topless e do nudismo, a liberação do mundo gay teve aqui também sua trincheira, com a Barraca Aruba, a primeira Barraca de Praia GLBTT de Salvador segundo alguns militantes; a bandeira com o arco-íris tremula acima desta barraca que dia e noite mantém um público fiel e alegre.

      Musicalmente não foi só a Tropicália que se iniciou nestas paragens, a música negra baiana, segundo Tonho Matéria, se iniciou na Boca do Rio com o primeiro disco do Olodum, com a participação de Jerônimo. " Fazíamos muitos e belos arrastões com o Olodum na Boca do Rio" diz nostálgico o brilhante Tonho Matéria. A festa de lançamento do primeiro disco do Olodum na Boca do Rio marcou o que seria o início da explosão do Samba Reggae.


       O movimento Sound System também se iniciou em Salvador partindo da Boca do Rio, através de Dj Dudoo Caribe, morador do bairro que se juntou com Ed Brás e Pablo Rasta; esta célula mais a frente agregou os irmãos Dj Pureza e o Dj Raiz.
       No contexto da cultura popular jamaicana, um Sound-System (sistema de som) é um grupo de disc-jóqueis, de coordenadores e de MCs do disco tocando a música do ska, a rocksteady, ragga, dance hall ou reggae. A cena do sound-system é considerada geralmente como uma parte importante de história cultural jamaicana e como sendo responsável para a ascensão de diversos gêneros musicais jamaicanos modernos.  Nesta época nasce o MiniStereo Público, com a proposta de ser um sistema de som perambulante. Dj Raiz, durante esta fase se especializaria em Ragga, sendo o primeiro Dj do gênero na Bahia.
       Houve também o surgimento da banda Dubstereo Sound que trouxe para uma formação tradicional de banda os sons dos Sound Systems Jamaicanos. O Ragga assemelha-se ao reggae, porém partes da instrumentação (ou a maioria vasta dela) são digitais.

Dj Raiz

      Ragga é a abreviação para o raggamuffin, originalmente um termo usado pela juventude do ghetto de Kingston; Por causa dos custos relativamente baixos de ritmos feitos por sintetizadores, o ragga transformou-se na modalidade preferida para muitos produtores Jamaicanos, também os permitiu fugir da idéia de Roots o ragga não precisava ser feito com a mesma fé que os rastas usavam para compor um reggae. Embora o ragga seja ligado nas mentes de muitos com o DJ que brinda os cantores com fortes batidas, os cantores dirigem-se freqüentemente a interesses românticos e de Rastafari, e os dois estilos vocais são misturados freqüentemente.O estilo é geralmente associado com o dancehall. Hoje em Salvador, a cena alternativa apresenta orgulhosa as Quintas Dance Hall na Zauber, (espaço de Show no Pelourinho) e no Espaço Tarrafa no Rio Vermelho; além de apresentações por  toda a cidade do Bemba Trio ( Que traz o estilo jamaicano linkado a baianidade soteropolitana), MiniStereo Público e Dubstereo Sound, junto ao nosso Dj Raiz, o primeiro Dj de Raggamuffín e Dance Hall de Salvador... filho da Boca do Rio!

       Em 09 / 12 /2004 – Um Terreiro de Candomblé da Boca do Rio, o Pilão de Prata ganhou placa comemorativa ao tombamento estadual - o primeiro tombamento do gênero. Depois da assinatura do decreto de tombamento, no dia 05 de novembro, pelo governador Paulo Souto, o Pilão de Prata ganhou uma placa comemorativa ao tombamento estadual feito pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).


       O Primeiro Grafiteiro do Brasil, também é nosso, Glei Melo é artista plástico e foi pioneiro na arte do grafite, hoje continua morando na Boca do Rio e está cada vez mais ativo em suas intervenções.

Glei Melo


       O pioneirismo na Boca do Rio também se dá no campo gastronômico, como os mais de 28 sabores de Abará do Mestre Original da Boca do Rio, ou o Acarajé com Bobó de Bacalhau da Selma em frente a Faculdade Montessoriano.


     Original do Abará

                                   
                                                                                     Selminha do Acarajé

Visitas Ilustres


A Boca do Rio já teve inumeras visitas ilustres; é a comunidade nordestina que mais recebeu líderes de estado, destacamos por exemplo o Presidente Brasileiro Castelo Branco, que, segundo moradores antigos, em agosto de 1966 chegou a comunidade da Boca do Rio e ordenou que se retirasse a cerca que dificultava a passagem dos nativos da comunidade á praia e ao ponto de ônibus; nesta época os moradores fizeram um buraco na cerca,e por isso este local ficou conhecido durante muito tempo como BURAQUINHO, nome pelo qual era conhecido até mesmo pelos motorístas de ônibus.
 Castelo Branco.

Papa João Paulo II visitou três vezes o Brasil, na segunda visita em 1991, o Papa foi recebido pelo Presidente Fernando Collor de Mello em Salvador, capital baiana, e foi na Boca do Rio, mas exatamente no antigo Aeroclube. 
 

Em 17 de dezembro de 2006 a Boca do Rio recebeu a visita do presidente da Republica Bolivariana de Venezuela, Comandante Hugo Rafael Chávez Frías, como convidado especial, bem como o presidente de Cuba Raúl Castro, o presidente de Honduras Manuel Zelaya, e o presidente de Bolívia Evo Moralez. Nesta ocasião os presidentes bolivarianos inauguraram um busto em homenagem ao libertador da América Latina Simón Bolívar. Em frente ao Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio, onde a cerimônia simples foi realizada, compareceram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e do Partido Comunista do Brasil, que observando a figura de Chávez, gritavam "Uhú Ahá, Chávez no se vá!" em portunhol perfeito.


O 12º Congresso da Organização das Nações Unidas (ONU) no Centro de Convenções da Bahia, território que passou a ser da ONU em Salvador, com um minuto de silêncio, em honra ao falecimento do presidente polonês Lech Kaczynski, em um acidente aéreo na Rússia. Destacamos a importância da realização do congresso na Bahia e na Boca do Rio, pois foi o primeiro em solo brasileiro, desde sua estreia na cidade de Genebra, Suíça, em 1955, e que acontece a cada cinco anos. E lembrou que, no término do 11º Congresso em Bangcoc, em 2005, o então ministro da Controladoria Geral da União Waldir Pires, indicou o Brasil e a Bahia como sedes do evento. O evento contou com pelo menos quatro mil participantes de 140 países entre organizações não-governamentais, delegações estrangeiras, ministros e chefes de estado. Incluindo o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.